São tantas coisas acontecendo
ao mesmo tempo que o blog foi deixado, ultimamente, meio que de lado, até
porque em alguns momentos é preciso reservar-se ao direito de silenciar, de
curtir a intimidade de si, de compartilhar o nada que diz tudo, de tornar
público apenas o necessário, de cutucar a si mesmo para novas experiências, de
comentar fatos apenas com as pessoas que são importantes para a nossa vida.
Pode parecer até incoerência
falar sobre intimidade - ainda mais intimidade da felicidade - em um blog
público, e certamente é incoerente. Mas quem disse que precisamos mesmo ser
coerentes todo o tempo? Até porque o blog é meu e, parafraseando o dito
popular, escreve quem pode e lê - nesse caso - quem NÃO tem juízo. Contudo, eu
não estou aqui para descrever o santo, apenas o milagre. Então até a
publicidade, é uma publicização (esta palavra existe? :P ) íntima, particular.
O milagre que traz felicidade
em forma de música que toca de repente, não mais do que de repente, no rádio do
carro.
Conto o sentimento, não conto
a música, pois é íntima demais.
O milagre que traz felicidade
em forma de ligação telefônica, onde as coisas do dia-a-dia se transformam em
sorrisos e até erros ortográficos viram motivo de alegria.
Conto a ligação recebida, não
conto de quem, pois é íntimo demais.
O milagre que traz felicidade
em forma de corrida à beira mar, onde a ideia de perder um dado número de
quilos se transforma em sopro de esperança.
Conto o exercício, mas não
conto a meta do desafio dado, pois é íntimo demais.
O milagre que traz felicidade
em forma de conversa sobre um determinado livro onde o autor (um cientista!) fala
que é preciso entregar-se à vida, relaxar um pouco mais, não contrair-se, não
ter medo, viver e viver em plenitude, em abundância, correndo riscos,
experimentando o novo.
Contaria até o livro se me
lembrasse agora do título, mas não conto com quem tive a conversa, pois é
íntimo demais.
O milagre que traz felicidade em
forma de livro de histórias em que ao abri-lo aleatoriamente descobre-se em seu
conteúdo o seguinte trecho:
"A sociedade prossegue
lhe dizendo, 'isso está certo, e aquilo está errado'. Chamam a isso de
consciência. Ela se fixa, fica implantada em você. Você fica repetindo-o. Isso
não tem valor; não é verdadeiro. A coisa real é sua própria consciência. Esta
não carrega respostas predefinidas sobre o que é errado e o que é certo, não.
Mas instantaneamente, seja qual for a situação que surja, ela lhe traz a luz –
você entende imediatamente o que deve ser feito."
Conto a citação, mas não conto o que percebi que deve ser feito
imediatamente, pois é íntimo demais.
Provavelmente esta é, em todo o blog, a postagem menos compreensível e,
até por isso mesmo, mais sujeita a todo tipo de interpretação.
Interpretem como queiram, o sentido real dela é íntimo demais.
Mas traz a tal da felicidade!
Nossa, percebe-se que sem dúvida a felicidade,ainda que não saiba o nome de quem a causou, bateu na tua janela você aproveitou para abrir...esse texto, apesar do jogo de palavras, omissões e citações quase não citadas (risos), é bom Luiz! Um Luiz alegre, deslumbrado, apaixonado por algo ou por alguém! Delícia permitir-se apaixonado, será que precisará de mais um lugar na barraca de camping? Ou meu grande amigo e professor desistiu das aventuras na selva? De qualquer forma, fico também feliz, porque você é muitíssimo especial para mim e te devo um telefonema (se puder dar um toque para saber o número, será ótimo, porque te várias ligações e misturei tudo! Bem Suely né? Beijos, amei o texto, como todos que escreve.
ResponderExcluirBem interessante, dearest blogger. Ainda mais pelas pistas ocultas que permitem as mais diversas interpretaçoes - o que, quem, onde, quantos, quais. Uma delícia. Hum, passando cada coisa por aqui sobre esse relato velado, sobre esse jogo de mostra e nao mostra que acaba revelando tanta coisa. Mas, como bem dizes, o blog é aberto, e as interpretações são minhas - e isso é íntimo demais...
ResponderExcluir;)
Incoerência é não falar de felicidade estando feliz, é deixar de narrar um momento relevante pelo fato de ter que ocultar detalhes inconvenientes ao tipo de publicação. Ao ler, interpretei o texto sob dois ângulos, primeiro usei-o como um jogo de quebra-cabeças a fim de desvendar detalhes deste momento tão íntimo, cujo motivo da tal felicidade enche qualquer leitor de curiosidade. Segundo, me baseei neste jogo de palavras para trazê-lo a minha realidade, a momentos meus, íntimos e felizes, entre os quais já publiquei tantas vezes nas redes sociais omitindo os personagens da história.
ResponderExcluirGostei da citação, queria saber o nome do livro, se não fosse íntimo demais, claro!