terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A História do Nascimento do Amor (FELIZ NATAL)



Conta a história que o próprio Deus um dia se apaixonou por uma menina pobre de uma terra agreste e com ela quis ter um filho, um menino, que seria a própria encarnação do amor  divino. Agostinho certa vez disse que esse menino foi tão humano, mas tão humano, mas tão verdadeiramente humano, que só podia ser Deus.

Gabriel, anjo amigo, fazendo vezes de cupido, foi até a menina e contou a ela que seu senhor estava por ela enamorado. Grande susto levou a menina de nome Maria, pois ela não se achava digna de ser a escolhida.

Suas amigas viviam fazendo planos e desejando ser a mãe do amor, mas Maria, humildemente se achava indigna de tal missão e, criada no templo de Deus, apenas fazia seu trabalho, com o profissionalismo herdado de seus pais, Joaquim e Ana.

Entenda-se profissionalismo como zelo, carinho, cuidado, respeito, dedicação e amor pelo que faz. Foi justo esse jeito responsável de ser que atraiu a atenção de Deus para Maria. Parafraseando uma música que só seria composta anos mais tarde, depois dela, as outras passaram a ser apenas as outras e só, pois seria ela, a mãe do amor.

Como  num poema de Eugénio de Andrade, é urgente o amor. E nessa urgência de enviar o amor ao mundo, Gabriel foi logo anunciando a Maria que ela estava grávida do amor de Deus. Ela ficou confusa. Gabriel a acalmou. O amor não é só algo do corpo, é também da alma, da mente e do coração.

E Gabriel, anjo bom de mensagens, deu mais um recado àquela menina: sua prima, Isabel, que todos diziam estéril, estava no sexto mês de gestação. Maria rapidamente fez as contas e soube que Izabel precisaria de ajuda na hora do parto e se pôs, abnegadamente, a caminhar em direção à casa da prima.

Ela era a mãe do amor, mas ser mãe do amor é o mesmo que servir. A honraria vem não por um status quo, mas pela disponibilidade ao serviço. Chegando lá foi recebida por uma Izabel alegre e pelo filho dela, que na barriga vibrou de alegria. O senhor fez maravilhas naquelas duas mulheres, as fez mãe.

E completado o tempo para o nascimento do Deus-Amor, após longa viagem até Belém, sob a luz radiante de uma estrela, com animais em volta de uma cocheira, único lugar disponível na cidade,  eis que um menino rompe a madrugada com seu choro forte de anúncio de um novo tempo. A boa nova foi contada primeiramente aos mais pobres e só depois aos doutores e intelectuais.

Maria, com seu filho Deus-Amor nos braços, entoou uma canção de ninar e um coro de anjos à capela,  backvocal celestial, deu o tom da melodia que embalou os sonhos do menino. Dorme em paz, menino; dorme em paz, amor. Porque o tempo da urgência dá lugar ao tempo da experiência.

Que neste Natal vivamos a experiência de aproximar as pessoas, de dar recados de amor e de comunicar boas novas, como fez Gabriel.

Que neste Natal vivamos a experiência de sermos o melhor naquilo que fizermos, unindo profissionalismo e poesia, que aceitemos com alegria e desprendimento a responsabilidade que nos cabe e que nos empenhemos mais em servir do que em sermos servidos, como fez Maria.

Que neste Natal vivamos a experiência da escolha, do amor, da geração da vida e da doação , como fez o próprio Deus.

Que neste Natal vivamos a experiência de comunicar as nossas boas notícias, nossas novidades, em primeiro lugar às pessoas mais simples, que costumam acolher o novo com alegria e esperança, sem repreensões e sem julgamentos como fazem aqueles que se julgam superiores por um título acadêmico ou por uma posição social mais elevada.

Que neste Natal vivamos a experiência de sonhar com um mundo melhor, mais justo, mais fraterno, enfim, um mundo com amor, com muito amor, para sempre.

Feliz Natal!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O FIM FINITO DOS INFINITOS CONTOS DA LUA


Recebi algumas mensagens de alguns dos pouco mais de 10 leitores deste blog (risos), me perguntando pelos Contos da Lua, já que, como diriam os índios, faz duas luas cheias que eles não são publicados.

Interessante que tenham usado a palavra “publicados” e não “escritos”, até porque os contos continuaram a ser escritos, apenas não foram publicados. E como numa das mais hilárias cenas de “Lisbela e o Prisioneiro”, eu poderia dizer:

“Agora me pergunte: por quê?”

Porque o objetivo dos Contos da Lua era testar uma ideia para algo um pouco maior.

“E agora me pergunte: que ideia?

Se trata de um livro, com uma lógica similar a dos “Contos da Lua”, só que diferente.

“E agora me pergunte: diferente em que?”

A lua será a narradora em definitivo, não precisando mais de meu intermédio. Além disso, todos os contos terão uma lógica que os encadeará, mais ou menos como os contos das mil e uma noites que são as histórias contadas por Sherazade ao sheike.

(Reza a lenda que o sheike matava cada esposa após a noite de núpcias. Na vez de Sherazade ela contou uma história e como não deu tempo de terminá-la o sheik poupou sua vida até a noite seguinte quando ela contou o final da história da noite anterior, mas ardilosamente emendou um novo conto que obviamente ficou com seu final para o dia seguinte e assim sucessivamente por mil e uma noites).


“Agora me pergunte: tem mais algo diferente?”

O título do livro será também outro e não “contos da lua”.

“Agora me pergunte: por quê?”

Porque o título terá muito a ver com a nova perspectiva dada pela lua ao contar suas histórias.

Explicação dada, decreto o fim (finito) dos infinitos contos da lua.