sábado, 31 de dezembro de 2011

Réveillon com Duas Moedas: Despertar (último post de 2011)

Não fosse meu amigo Marco Antonio, que aliás resolveu fazer aniversário no último dia do ano (parabéns Marco!) e que me deu uma puxada de orelha a pouco, acho que iria virar o ano sem que o blog tivesse ao longo de todo esse mês de dezembro ao menos uma postagem. Mas no apagar das luzes, meio que entre a correria dos preparativos dos comes e bebes para o réveillon, estou tentando escrever algo.

Hoje pela manhã, bateu uma vontade de rezar um pouco. Esses períodos rituais de transição me deixam mais propensos a pensar nas coisas de Deus. Enquanto rezava, resolvi não seguir as leituras programadas para o dia pela liturgia católica, e abri a bíblia em um trecho aleatório. Lá pude reencontrar a viúva pobre que, no templo, oferece duas míseras e insignificantes moedas, olhada inclusive de soslaio pelos mais poderosos que ofereciam pequenas fortunas. Jesus repreende esses últimos dizendo que a mulher havia oferecido muito mais que eles, pois ela deu tudo que possuía enquanto eles davam do que lhes sobravam, provavelmente inclusive, fruto da exploração de mulheres como aquela viúva. Pois é, Jesus era bom de estatística, pois em termos relativos, percentuais e não em freqüências absolutas ou nominais, a mulher superava em muito o quesito “ofertar” em relação aos que se julgavam já salvos.

Fiquei a pensar se poderia fazer alguma relação entre essa passagem do evangelho de Lucas e esse período de final de ano. Algo que me ajudou a refletir foi que, na postagem de uma amiga de facebook, descobri que réveillon vem de um verbo francês que significa “despertar”. Assim, percebi que a repreensão de Jesus é também um convite a um réveillon mais particular, mais interiorizado, mais humano, mais solidário. É um convite para que despertemos de nosso comodismo, de nossa falta de solidariedade para com as pessoas, de nosso egoísmo.

Nesta noite de festa e de banquetes ao redor de todo o mundo, é importante que paremos um pouco para pensar na situação das pessoas que não se sentem alegres para festejar, que não têm o mínimo necessário a uma refeição decente, que estão sós, deprimidas, tristes, fracas na fé.  Talvez esse pensamento “desperte” em nós sensações que acabem por nos movimentar a tentar fazer algo, por menor que seja, para melhorar a vida das pessoas que mais precisam de nossa ajuda.

Dirão que esta é mais uma mensagem dessas politicamente corretas, que pela Internet é muito fácil ser militante de causas sociais e aquela velha lenga-lenga que faz com que as pessoas nem mais pensem, apenas vivam, ou melhor, sobrevivam. Está bem, é uma mensagem como tantas outras, até certo ponto  padronizada, homogeneizada , pasteurizada. Mas enquanto houver pessoas que tem que dar tudo o que possuem enquanto outras abdicam apenas de parte do que lhes sobra, então o mundo continuará precisando ser alertado de qualquer forma sobre essas desigualdades, e assim, até essa postagem de blog está valendo.

Como última reflexão sobre o réveillon/despertar, faço aqui memória das postagens em que narrei o meu despertar para as belezas da natureza, capitaneado pela lua, hoje crescente. Que a lua me ajude também em 2012, com suas histórias sobre as pessoas que ela observa, a aprender cada vez mais sobre a natureza humana, sobre a bondade humana, sobre o amor humano, amor divinamente humano. Estou tentando, nessas listas que sempre fazemos ao final do ano, me comprometer em ao menos começar a escrever um livro. Sonho antigo. A ideia tem muito a ver com o que a lua me ensinou, me mostrou, me contou. Detalhes? Bem, isso agora só em 2012, pois os fogos de artifício que ecoam em sons e luzes  já anunciam a chegada de 2012.

Seja bem vindo novo ano que se inicia,
Que traga sempre consigo uma boa companhia.

(Riminha bem bestinha, mas de coração)

Feliz Ano Novo!!!