Não fosse meu amigo Marco Antonio, que aliás resolveu
fazer aniversário no último dia do ano (parabéns Marco!) e que me deu uma
puxada de orelha a pouco, acho que iria virar o ano sem que o blog tivesse ao
longo de todo esse mês de dezembro ao menos uma postagem. Mas no apagar das
luzes, meio que entre a correria dos preparativos dos comes e bebes para o réveillon, estou tentando escrever algo.
Hoje pela manhã, bateu uma vontade de rezar um pouco.
Esses períodos rituais de transição me deixam mais propensos a pensar nas
coisas de Deus. Enquanto rezava, resolvi não seguir as leituras programadas
para o dia pela liturgia católica, e abri a bíblia em um trecho aleatório. Lá
pude reencontrar a viúva pobre que, no templo, oferece duas míseras e
insignificantes moedas, olhada inclusive de soslaio pelos mais poderosos que
ofereciam pequenas fortunas. Jesus repreende esses últimos dizendo que a mulher
havia oferecido muito mais que eles, pois ela deu tudo que possuía enquanto
eles davam do que lhes sobravam, provavelmente inclusive, fruto da exploração
de mulheres como aquela viúva. Pois é, Jesus era bom de estatística, pois em
termos relativos, percentuais e não em freqüências absolutas ou nominais, a
mulher superava em muito o quesito “ofertar” em relação aos que se julgavam já
salvos.
Fiquei a pensar se poderia fazer alguma relação entre
essa passagem do evangelho de Lucas e esse período de final de ano. Algo que me
ajudou a refletir foi que, na postagem de uma amiga de facebook, descobri que réveillon vem de um verbo francês que
significa “despertar”. Assim, percebi que a repreensão de Jesus é também um
convite a um réveillon mais
particular, mais interiorizado, mais humano, mais solidário. É um convite para
que despertemos de nosso comodismo, de nossa falta de solidariedade para com as
pessoas, de nosso egoísmo.
Nesta noite de festa e de banquetes ao redor de todo o
mundo, é importante que paremos um pouco para pensar na situação das pessoas
que não se sentem alegres para festejar, que não têm o mínimo necessário a uma
refeição decente, que estão sós, deprimidas, tristes, fracas na fé. Talvez esse pensamento “desperte” em nós
sensações que acabem por nos movimentar a tentar fazer algo, por menor que
seja, para melhorar a vida das pessoas que mais precisam de nossa ajuda.
Dirão que esta é mais uma mensagem dessas politicamente
corretas, que pela Internet é muito fácil ser militante de causas sociais e
aquela velha lenga-lenga que faz com que as pessoas nem mais pensem, apenas
vivam, ou melhor, sobrevivam. Está bem, é uma mensagem como tantas outras, até
certo ponto padronizada, homogeneizada ,
pasteurizada. Mas enquanto houver pessoas que tem que dar tudo o que possuem
enquanto outras abdicam apenas de parte do que lhes sobra, então o mundo
continuará precisando ser alertado de qualquer forma sobre essas desigualdades,
e assim, até essa postagem de blog está valendo.
Como última reflexão sobre o réveillon/despertar, faço aqui memória das postagens em que narrei
o meu despertar para as belezas da natureza, capitaneado pela lua, hoje
crescente. Que a lua me ajude também em 2012, com suas histórias sobre as
pessoas que ela observa, a aprender cada vez mais sobre a natureza humana,
sobre a bondade humana, sobre o amor humano, amor divinamente humano. Estou
tentando, nessas listas que sempre fazemos ao final do ano, me comprometer em
ao menos começar a escrever um livro. Sonho antigo. A ideia tem muito a ver com
o que a lua me ensinou, me mostrou, me contou. Detalhes? Bem, isso agora só em
2012, pois os fogos de artifício que ecoam em sons e luzes já anunciam a chegada de 2012.
Seja bem vindo novo
ano que se inicia,
Que traga sempre consigo
uma boa companhia.
(Riminha bem bestinha, mas de coração)
Feliz Ano Novo!!!
Massa, como sempre!
ResponderExcluirPost scriptum: Saia deste estado onírico e bote esse livro no forno, rapaz. Doido pra saber o que danado vocês conversam tanto, tu e a lua.
O aniversariante!