Chico Buarque canta que “tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu”, e na sequência busca a resposta para esse sentimento a partir de duas possibilidades: “foi o mundo então que cresceu” ou “a gente estancou de repente”?
Pesquisadores dos efeitos psicológicos do tempo, Zimbardo e Boyd, não perdoam ao nos revelar de forma categórica o que parecemos querer não enxergar: “não há nada que qualquer um de nós possa fazer nesta vida para acrescentar um momento a mais no tempo, e nada permitirá que possamos reaver o tempo mal-empregado.” Ainda assim a gente estanca e mínimos detalhes podem até ser sinais inconscientes desse nosso estancar...
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Vi-me hoje diante de um desses calendários, que comprei ao final de 2009, de certo modo para fazer memória dos tempos passados, tempo onde se olhava para o futuro em cada dia presente. Mas os anos passaram, ou como diria o Renato Russo, “mudaram as estações” e mesmo que digamos que aparentemente “nada mudou”, “mas eu sei que alguma coisa aconteceu”, pois há algo “assim tão diferente”. A diferença era que o calendário marcava o dia 27 de janeiro. Só que já era dia 30 de janeiro, e dia já adiantado, com sol do agreste à pino...
Arranco a folha do dia 27 sem nem lembrar ao certo o que aconteceu nesta data. Faço o mesmo com os dias 28 e 29. Enfim, emparelho o meu calendário com o calendário do mundo. Da mesma forma rápida com a qual arranquei as páginas do calendário, percebo que, como naquela música antiga do Roberto Carlos, “os dias passam correndo”.
Percebo ainda na folhinha, mais um sinal. A palavra “sinal” já não me parece, como antes, tão mais adequada do que a palavra “coincidência”, mas ainda assim insisto, sabe-se lá porque, em usá-la. Na folhinha dizia que 30 de janeiro é o “dia da saudade”.
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De minha parte fiquei pensando se o passar de 30 dias do novo ano não seria aquele tempo suficiente para percebermos que toda aquela euforia, um mês antes, com o novo ano a se iniciar não seria apenas uma forma de fingir para nós mesmos a realidade de que o bom era o “ano velho”, os dias que se foram, a infância de nossas vidas, o símbolo de uma época de sonhos que hoje percebemos como ilusão. Em sendo assim seria normal sentir saudades.
Mas o que falar sobre saudade? É paradoxal ter dificuldades em explicar algo que se é tão íntimo. Se no “Show do Milhão” o Silvio Santos permitia que fosse solicitada a ajuda dos universitários, me permito então pedir a ajuda dos poetas, para que me ajudem a render homenagem à saudade no dia a ela dedicado, ao menos no calendário civil, porque no calendário cordial, todo dia é dia da saudade:
“Saudade é um dos sentimentos mais urgentes que existem”
(Clarice Lispector)
“O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...”
“O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...”
(Mário Quintana)
“Quando se ouve boa música fica-se com saudade de algo que nunca se teve e nunca se terá”
“Quando se ouve boa música fica-se com saudade de algo que nunca se teve e nunca se terá”
(Samuel Howe)
“Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue”
“Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue”
(Adriana Falcão)
“Também temos saudade do que não existiu, e dói bastante”
“Também temos saudade do que não existiu, e dói bastante”
(Carlos Drummond de Andrade)
“Deus existe para tranquilizar a saudade”
“Deus existe para tranquilizar a saudade”
(Rubem Alves)
“Dos nossos planos é que tenho mais saudade”
“Dos nossos planos é que tenho mais saudade”
(Renato Russo)
“Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te”
“Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te”
(William Shakespeare)
“Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração, escorre pelos olhos”
“Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração, escorre pelos olhos”
(Bob Marley)
Mto bommmm!!!!
ResponderExcluirVictor Souza
Lindo!
ResponderExcluirLindo!
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