Povo do Facebook, do Twitter, do Whatsapp e afins... tenho
percebido que várias pessoas têm dado um uso inusitado às redes sociais. Nem
sei ao certo se o termo inusitado é adequado, pois é algo até óbvio. As pessoas
em dúvida sobre um assunto, jogam seu problema na "rede" e buscam
conselhos de como resolver tal problema. Pensando assim, resolvi fazer, eu
também, um teste com uma dúvida que um aluno meu, de Administração, me passou.
Eis a contexto da questão:
A família dele é proprietária de uma fábrica de confecções
de relativo porte na região do agreste pernambucano. Os pais estão praticamente
se retirando para deixar a condução dos negócios a cargo dos filhos. Por ele
ser o filho mais velho e por cursar Administração, tem se visto com frequência
tendo que tomar decisões centrais quanto à seleção e à demissão de funcionários,
por exemplo.
Ele percebeu que no setor de compras é praxe se fazer uma
cotação de preços. O principal funcionário do setor deve cotar, comprar e
receber as compras dentro do prazo. Ele tem observado que o funcionário atual cota
um pedido por exemplo de dez mil reais e no final de todo o processo, a empresa
tem pago quase oito mil reais acima do que foi cotado anteriormente. O
funcionário sempre justifica que houve alguns problemas na primeira cotação e
que, por isso, o preço final tem aumentado. Nesse caso foi cerca de 80% de
acréscimo. Um outro problema que ele tem enfrentado no mesmo setor, é que, não
bastasse o valor mais alto pago pelas compras, elas têm demorado muito a ser
entregues e ainda assim as entregas são feitas de forma parcial ou mesmo têm
vindo incompletas, o que tem atrasado por consequência a fabricação dos
produtos finais, gerando até mesmo o cancelamento de vendas.
Em resumo, tem-se:
- Preço de compra 80% acima da cotação inicial;
- Demora na entrega dos produtos comprados;
- Entregas feitas de forma parcial ou mesmo incompleta;
- Atrasos e perdas de prazo na produção; e
- Cancelamento de vendas.
Há suspeitas do que o funcionário do setor de compras, além
de não ter a competência necessária, está fazendo acordos "por baixo dos
panos" com os fornecedores. Aí ele me pergunta: o que fazer?
Faço então a mesma pergunta a vocês: o que ele deve fazer?
Pensou? (se não
pensou, antes de prosseguir na leitura do caso, pare mesmo e pense um pouco no
que você faria se tivesse poder decisório nessa organização).
...
...
...
Pensou mesmo? Então
vamos lá. Continuando...
Pois bem, o caso que eu contei acima é pura ficção. Invenção
de minha cabeça. Contudo, não posso receber os créditos pela criatividade da
elaboração da história porque apenas troquei as personagens e o contexto a
partir de fatos bem concretos de nosso cotidiano. Talvez até lendo o texto
vocês tenham percebido um certo paralelismo com fatos recentes.
Digamos que a compra cotada, feita e entregue no prazo sejam
os novos estádios de futebol e demais obras de infraestrutura para a Copa do
Mundo. O que vemos o tempo inteiro é que muitas dessas obras foram cotadas por
um valor X, estão custando em alguns casos bem mais do que os 80% de ágio da
história que contei, estão sendo entregues fora do prazo, de forma parcial,
incompletos, com defeitos e com muitas obras, especialmente as de
infraestrutura, que só serão entregues (dizem) depois da Copa.
E aí? O que você pensou para o "pobre" funcionário
do setor de compras da fictícia empresa de confecções serve para quem hoje é
responsável pelas obras da Copa? Lá estava envolvido coisa de dez mil reais... na
vida real são quase dez bilhões de reais... de dinheiro do povo, diga-se de
passagem.
#vaitercopa... mas a que custo?
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